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Desenvolvimento integral da criança é tema de palestra para educadores

 

O ser humano desenvolve-se integralmente, em ambos os contextos, escola e família, e não há como separá-los. Porém, existe na educação brasileira uma cultura que faz um corte entre eles, priorizando o intelecto e delegando à família a formação emocional. É papel dos educadores acompanhar o ser em plenitude, de maneira integral. A avaliação é da Prof.a. Dra. Célia Regina da Silva, que, a convite da Prefeitura, veio a Hortolândia discutir o conceito de educação integral com profissionais da Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia. Estudiosa da área, atuando em educação há 20 anos, 11 anos quais em ensino superior, na formação de futuros professores, Célia entende a realização de programas municipais de educação integral como investimento em qualidade e aposta na formação plena do estudante.

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“A proposta da integralidade na educação vai na linha de a gente estar sempre consciente e, por isso, ela é coletiva. A ideia que se tem sobre a escola de educação integral é a de uma escola em que a criança fica o dia inteiro, e não é. Na educação integral, pode-se ter uma postura de integralidade numa escola em que a criança fica meio período. Estamos falando de formação integral. Se a criança fica em período integral, tem-se mais tempo ainda para trabalhar esta integralidade. É um olhar, um jeito de pensar no processo educativo, que é muito complexo e vai na contramão do que a gente tem. Então, é muito difícil de bancar. Fico muito feliz quando as prefeituras estão tentando, porque vai na contramão e não traz benefícios imediatos. Até conseguir fazer rodar um negócio desses bem leva tempo. Mas tem que começar. Então, investir nisso é uma atitude ousada e muito comprometida com a educação, na educação pública como um fenômeno importante e não só como uma ação específica para ver resultados imediatos, porque não são imediatos, mas são muito motivadores e constantes, mas leva tempo”, avalia a professora da UMC (Universidade de Mogi das Cruzes). 

Pela manhã, no Remanso Campineiro, Célia falou sobre “Desenvolvimento Integral” para profissionais do CFPF “Paulo Freire” (Centro de Formação dos Profissionais em Educação), supervisores e coordenadores educacionais. No começo da noite, o debate foi com assistentes de direção e professores das escolas vinculadas ao Programa de Educação Integral, realizado pela Prefeitura. Segundo a Secretaria de Educação, o objetivo da formação é oferecer à equipe participante oportunidade de atualização, para que organize com qualidade as estações de vivência, atendendo às necessidades da criança. 

“O Brasil tem um índice altíssimo de crianças usando remédios, produtos farmacológicos; é um dos que mais consome, quando a criança oferece resistência para o ensino que a escola é capaz de oferecer. A tentativa é atribuir à criança o problema de atenção. Mas a criança muitas vezes não tem este problema. Apenas não foi ensinada a desenvolver aquilo”, argumenta a pesquisadora. Segundo ela, se o aluno age impulsivamente, precisa de acolhimento por parte do educador (e também da família) para aprender a lidar com o que gera esta impulsividade. “Precisa de orientação e mediação para aprender a esperar, a conter a impulsividade”, explica. 

Em sala de aula, eis o desafio. Como o profissional da educação pode ajudar alunos com este perfil? De acordo com Célia Regina, atualizar-se, aprofundar-se teoricamente sobre o assunto é um dos primeiros passos a ser dado pelo educador profissional, para que conheça cientificamente como a criança se desenvolve e saiba agir de modo embasado. Assim, suas ações fugirão do senso comum que, muitas vezes, reforça, nesta criança, comportamentos inadequados. É o caso do que chama de “educação punitivista”, à base de ameaças, que gera reações de ansiedade, levando alunos preparados intelectualmente a temer provas e avaliação, mesmo na idade adulta. Há casos em que a dimensão emocional por vezes atropela a cognitiva, gerando bloqueio no aprendiz. Outras vezes, a maneira como se trabalha o conteúdo pedagógico reforça na criança impressões limitantes sobre si mesma, seja de que é teimosa, indisciplinada, seja que é incapaz de aprender tal ou qual matéria.

“Às vezes, formam-se seres humanos competitivos, inseguros. Assim como é possível formar pessoas socialmente generosas, colaborativas. O professor tem um papel primordial e indissociável nisso. Quer ele tenha consciência disso ou não, estará formando esta criança integralmente”, defende a professora. “”Melhor que tenha consciência disso”, complementa. 

Educação Integral

Criado pelo governo Angelo Perugini, em 2011, o programa de Educação Integral foi retomado em 2017. Neste ano, a iniciativa beneficiará 2.419 mil alunos, em 15 escolas. Neste primeiro semestre, seis escolas municipais já estão alinhadas ao programa. A meta da Prefeitura é que, em 2020, todas as 28 Emefs participem dele, atendendo 4.210 alunos. A iniciativa oferece a alunos do Ensino Fundamental a oportunidade de participar de atividades culturais, esportivas, artísticas, de lazer e cidadania, no horário oposto ao do ensino regular, desenvolvendo-se em diferentes dimensões.

Quem é Célia Regina da Silva

De acordo com texto elaborado pela própria autora, publicado no Currículo Lattes do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), Célia Regina da Silva possui graduação em Psicologia pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) Júlio de Mesquita Filho (2002), mestrado em Educação (Psicologia da Educação) pela PUC/SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo-2006) e doutorado pelo Programa de Pós-graduação em Educação Escolar da Unesp/Araraquara. De 2005 a 2007, atuou como Assessora de Educação Infantil na Secretaria Municipal de Educação do município de Guarulhos/SP. Atuou, também, como professora assistente nas Faculdades Integradas de Ciências Humanas, Saúde e Educação de Guarulhos, ministrando as disciplinas Psicologia Social e Psicologia Institucional para o curso de graduação em Psicologia, Psicologia do Desenvolvimento para o curso de graduação em Pedagogia, Psicologia da Educação para cursos de licenciatura e ministrou disciplina sobre desenvolvimento e aprendizagem para o curso de Especialização em Gestão Escolar. No mesmo período foi professora colaboradora do curso de especialização em Educação Especial da Fundação Educacional de Penápolis. Atuou como professora substituta da Universidade Federal de Mato Grosso de Sul, no campus de Paranaíba/MS, atuando, também, como formadora em projeto de formação junto aos Professores de Educação Infantil do mesmo município. Atualmente é professora da Universidade de Mogi das Cruzes. Tem experiência na área de Psicologia Educacional, com ênfase em Programação de Condições de Ensino, atuando principalmente nos seguintes temas: políticas públicas, desenvolvimento infantil, educação infantil, formação de professores.. É membro do GEPCO (Grupo de Estudos em Psicologia Concreta – UEPG/PR) e do Laboratório Interinstitucional de Ensino e Pesquisa em Psicologia Escolar (LIEPPE) USP (Universidade de São Paulo).

 

Este artigo foi enviado pela Prefeitura de Hortolandia

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