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Coluna

Por todas mulheres que vieram antes de nós

Publicado

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AnaPerugini

A descontextualização da passagem de Efésios capítulo 5, que prega que as esposas devem ser submissas aos maridos, segue legitimando comportamentos machistas e inspirando mulheres a fazerem promessas de submissão aos novos amores. Refletindo à luz do Dia Internacional da Mulher, dá pra imaginar como seria nossa sociedade hoje se as mulheres que mudaram o rumo da história, sobretudo no século 20, tivessem sido submissas?

Talvez, Dandara tivesse aberto mão da luta e aceitado passivamente sua condição de escrava. Submissa ao regime da época, não seria um dos ícones da luta contra a escravidão e a sociedade brasileira teria uma dívida ainda maior com a população negra do nosso país.

Provavelmente, Celina Guimarães Vianna não teria sido a primeira mulher a votar no Brasil e na América Latina e não estaríamos nos aproximando do centenário do voto feminino.

Se tivesse optado pela submissão em 1928, Alzira Soriano não teria sido a primeira prefeita eleita do Brasil e o desequilíbrio entre homens e mulheres nas prefeituras (atualmente, comandamos apenas 673 das 5.570 cidades brasileiras – 12%) seria ainda maior.

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Também é possível conjecturar que Carlota Pereira de Queiroz não teria sido eleita deputada federal em 1934 e hoje não teríamos a maior bancada feminina da história, com 91 deputadas (17,7% dos 513 deputados que compõem a Câmara Federal) – um crescimento de 18% em relação à legislatura anterior.

Considerando as submissões de Carlota, Dandara e suas antecessoras, Antonieta de Barros, filha de uma ex-escrava, não teria sido a 1ª mulher negra eleita deputada no país e nem tido papel fundamental na luta pela igualdade racial e pelos direitos das mulheres.

A submissão não teria inspirado Eneida Alves Marques a se tornar a primeira engenheira negra do Brasil. Tampouco teria permitido que convivêssemos com mulheres notáveis como Zilda Arns, a médica pediatra que fundou as pastorais da Pessoa Idosa e da Criança e dedicou parte de sua vida ao combate à mortalidade infantil e à desnutrição.

Maria da Penha Maia Fernandes foi agredida sistematicamente pelo então marido e sofreu duas tentativas de assassinato dentro de casa. Sobreviveu, resistiu, denunciou o agressor à Justiça e inspirou a criação de uma das melhores leis no enfrentamento à violência doméstica do mundo. Imagina o que teria acontecido se ela tivesse optado pelo silêncio.

Se dona Elizete Corrêa Lippaus, não tivesse arregaçado as mangas e iniciado um mutirão para construção de casas populares, talvez essa advogada que vos fala não teria nascido com a inquietação e a sede por justiça social que a levaram aos movimentos populares, à luta pela terra e, mais tarde, à política partidária.

Somos porque outras foram. Não teríamos médicas, advogadas, jornalistas, empresárias, professoras, engenheiras, cientistas, vereadoras, prefeitas, deputadas, governadoras e uma presidenta da República (Dilma Rousseff – 2011/2016) se outras mulheres não tivessem se livrado de suas amarras e exercido o direito à igualdade consignado na nossa Constituição.

Por isso, a palavra submissão não dialoga com a perspectiva de desenvolvimento de uma sociedade igualitária em curso no Brasil e em boa parte do mundo. Entre homens e mulheres, seja em casa, nos espaços de poder ou no convívio social em geral, devemos verbalizar outro substantivo: respeito. É respeitando um ao outro que nos tornaremos pessoas melhores e conseguiremos combater males como a intolerância e a violência.

Por todas as mulheres que vieram antes de nós, não vamos ficar submissas ao machismo estrutural que nos amarra inconscientemente e nos apequena enquanto civilização. Vamos lutar e avançar, até que haja equidade entre homens e mulheres. Ana Perugini foi eleita para seu 3º mandato como deputada estadual. É advogada, pós-graduada em gestão e políticas públicas e funcionária licenciada do TJ-SP. Mãe de três meninas, foi vereadora e deputada federal, quando presidiu a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher. É coautora da lei federal 13.363/2016, que garante afastamento temporário do trabalho para advogadas autônomas, autora do projeto que resultou na disponibilização da vacina contra o HPV na rede pública e da proposta que garante aposentadoria às donas de casa (‘PIB da Vassoura’).

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