Cultura

Vestir o corpo com palavras: ‘A relação entre a literatura e a moda’ volta a Campinas

No início de 2015, o pesquisador em Filosofia Brunno Almeida Maia (UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo), a convite da Oficina Cultural Hilda Hilst, ministrou a oficina “A Literatura e a Moda: a estranha relação entre as palavras e as roupas”, voltada somente para o conteúdo teórico. Após o sucesso da realização da primeira fase, a Casa de Antonio apresenta o workshop Vestir o Corpo com Palavras: A relação entre a Literatura e a Moda, uma continuidade – inédita – dos resultados das investigações de Almeida Maia, e do chapeleiro Eduardo Laurino, acerca da relação entre a literatura e a moda, a partir do ponto de vista da Filosofia.

A atividade que acontece no dia 19 de setembro (sábado), das 14h às 20h – com intervalo de 40 minutos – na Casa de Antonio, propõe como diferencial a discussão sobre o processo de criação de um estilista num atelier de moda, e o ensino para os estudantes de uma técnica da chapelaria, conhecida como feltragem molhada, feita a partir do uso da lã Merino. Dividido em duas partes, a disciplina teórica Filosofia de Moda e História do Pensamento, com o Brunno Almeida Maia, e a disciplina prática Laboratório de Criação, o workshop possui apenas 20 (vinte vagas). As inscrições seguem até o dia 11 de setembro. A Casa de Antonio está localizada na Rua Girassol, 440- Chácara Primavera (atrás da CPFL), em Campinas Campinas

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WORKSHOP DESTACA A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO DO ARTESÃO NA MODA COMO CRIAÇÃO AUTORAL

Com linguagem híbrida, transitando entre a diversidade de narrativas e literalidades nos campos da moda, da filosofia, da história, da história da moda, da fotografia, do cinema, da sociologia e da literatura, o workshop faz uso de plataformas visuais, imagéticas e sonoras, e traça uma possível relação entre o ato de tecer, bordar e costurar – tradição material – com o ato de narrar e contar histórias – tradição oral – como transformação e escrita de si – tradição afetiva – criando uma “caligrafia dos gestos”, no indivíduo durante o tecer e o narrar.

“Ao longo das pesquisas sobre o tema, percebi o vínculo entre o tecer e o narrar na história das mulheres. Desde os mitos gregos, passando pelo início da filosofia com Platão, até as escritoras contemporâneas, como Clarice Lispector, contar uma história, seja ela no corpo (roupa) ou na escritura, está ligado historicamente a uma questão de gênero”, discorre Almeida Maia.

Dividida em três fases – a Aristocrática, a Moda de Cem Anos e a Moda Aberta – pelo filósofo francês Gilles Lipovetsky, a Moda encontra-se, atualmente, no processo de produção pós Moda Aberta, com o fenômeno massificado do fast fashion, no qual, além da rapidez e da fragmentação no modo de produção, decorrente do capitalismo em sua fase atual, que retira o contato – como nas costureiras do passado – entre aquele que cria e aquele que frui a criação, entramos numa vertiginosa onda de consumismo, no qual a individualidade transforma-se, quase sempre, numa escolha por desejos mediados pelas imagens, e não pela vontade de expressão individual, como potência da estética de si e uma “caligrafia dos gestos”. Neste sentido, o workshop indaga: “se há um declínio da narrativa na Modernidade – e narrar e tecer possuem a mesma relação – significa que não construímos narrativas, pois há, também, um declínio da transformação da natureza em coisas materiais, pelas mãos de um autor chamado artífice?”.

Após os debates teóricos, na segunda parte do workshop, os estudantes terão contato com as criações do chapeleiro Eduardo Laurino (FASM – Faculdade Santa Marcelina), que discutirá o conceito de caderno de artista (petit cahier) para o processo de criação. A partir de memórias pessoais, lembranças, desejos e vivências, o caderno serve como suporte linguístico e imagético para futuras criações, sejam elas nas áreas de moda, literatura, teatro, cinema, dança ou, simplesmente, no ato da recriação da vida. O objetivo é passar, também, por histórias de vidas, memórias das costureiras brasileiras e deslocar a ideia de que literatura é ofício de escritor e moda de estilista.

“Penso que tudo começa, nesta reflexão, quando abordamos o conceito de caderno de artista. Ali, naquele petit cahier, a moda e a literatura se confundem, seja pelo desenho de um objeto artístico ou pelos desenhos das palavras de um poema”, conclui Eduardo Laurino, que será responsável pelo Laboratório de Criação da atividade.

Ainda, como forma de reflexão prática, os estudantes criarão no Laboratório, a partir do auxílio criativo do chapeleiro Eduardo Laurino (FASM – Faculdade Santa Marcelina), uma peça da chapelaria utilizando a técnica de feltragem molhada, a partir do uso da lã Merino.

São 20 vagas e a inscrição custa R$ 140, já estando incluso o material didático. O pagamento pode ser feito através de depósito bancário ou à vista. As inscrições seguem até o dia 11 de setembro pelo (19) 3256-9028 ou pelo site www.casadeantonio.com

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